sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Xícara

"A XÍCARA"


Quando eu era menina, costumava visitar minha avó nas tardes de sábado.

De certa feita fui vê-la, como de costume, porém eu estava preocupada e aborrecida.

Ela estava lidando com suas plantas no jardim, e, ao ver-me, percebeu logo que alguma coisa estava acontecendo.

Interrompendo seus afazeres, convidou-me a entrar, dizendo:-

-Vamos até à cozinha, hoje fiz uma receita nova e quero que você a
experimente.

Não me entusiasmei muito com o doce e terminei contando-lhe, muito queixosa,
o que vinha me acontecendo.

Segundo a minha narrativa eu tivera uma grande decepção queprovavelmente, iria estragar o resto de minha vida.

Vovó ouviu-me atentamente, sem fazer nenhum comentário. 

Quando terminei, ela ergueu-se, tomou uma xícara e encheu-a de água pela metade.

Colocou-a à minha frente e me perguntou:-

— Diga-me, minha filha, esta xícara está meio cheia ou meio vazia?


— Está... tanto uma coisa quanto a outra, respondi devagar sem prever aonde
ela chegaria.

—É isso mesmo.

Tanto se pode dizer que está cheia, como vazia! disse-me ela.

E prosseguiu:-
-Da mesma maneira, filha, nunca podemos dizer se nossa vida está meio cheia ou meio vazia. 

Todos nós temos o nosso quinhão de tristezas e de alegrias. 

Mas a nossa vida só é feliz conforme a maneira pela qual encaramos as coisas. 

"Tudo depende de nós."

Podemos estar sempre a lamentar porque a xícara está meio vazia, ou, pelo contrário, nos alegrarmos porque a xícara está meio cheia.

E, até hoje, quando sofro a tentação de queixar-me da sorte, lembro-me
daquela xícara da vovó, que me ensinou como encarar as coisas. 

Na vida há tristezas e alegrias, mas a xícara nunca está completamente cheia.

"Tudo, depende de como a vemos..."


De “E para o resto da vida”, 
de Walace Leal V. Rodrigues 

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