1. O coração materno é, na expressão de um Espírito amigo, “uma taça de amor em que a vida se manifesta no mundo”, mas grave é o ofício da verdadeira maternidade.
“Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e devemo-los, em grande parte, às mães abnegadas e justas, mas erguem-se penitenciárias sombrias e devemo-las, na mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas”, assevera Sebastiana Pires, em “Luz no Lar”, cap. 3, pág. 15.
2. Ensina o Espiritismo que a Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles.
Entre os animais, esse amor se limita às necessidades materiais e cessa quando desnecessários se tornam os cuidados.
No homem, ele persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes, sobrevivendo mesmo à morte e acompanhando o filho até no além-túmulo.
3. Não se deduza do fato de estar o amor maternal nas leis da natureza que a missão materna seja sempre um mar de rosas, porque não o é.
Trata-se, em verdade, de tarefa espinhosa em que a renúncia e as lágrimas fazem morada.
4. Não é difícil entender por que isso se dá. É que habitualmente renascem juntas, sob os laços da consanguinidade, pessoas que ainda não acertaram as rodas do entendimento no carro da evolução, a fim de trabalharem sobre as arestas que lhes impedem a harmonia.
Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham lado a lado, sob o aguilhão da responsabilidade e da convivência compulsória, para sanarem velhas feridas.
5. Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam contra os próprios descendentes, tanto quanto há filhos que se revelam inimigos de seus genitores e irmãos que se exterminam dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita.
Desde cedo deve a mãe preparar seus filhos para a vida.
Desde cedo deve a mãe preparar seus filhos para a vida.
6. A missão materna reveste-se, portanto, de encargos sublimes, sobretudo nos lares onde Espíritos antagônicos, quando não inimigos, se encontram temporariamente unidos pelos laços do parentesco.
A maternidade exige e desenvolve a sensibilidade, a ternura, a paciência, aumentando a capacidade de amar na mulher.
7. No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família.
A missão materna consiste em dar sempre ao filho o amor que flui de Deus, porque antes de tudo sabemos que nossos filhos são, primeiramente, filhos de Deus.
8. Desde a infância, compete à mãe prepará-los para o trabalho e para a luta que os espera.
Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e consertando-lhe as posições mentais, porque essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida.
9. Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando necessária.
Sacrificar-se-á de todos os modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino e que todo desperdício é falta grave.
Sacrificar-se-á de todos os modos ao seu alcance pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino e que todo desperdício é falta grave.
10. Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio. Será ela no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo ao trabalho e a fonte de harmonia para todos.
Buscará, enfim, na piedosa mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs.
"A família é o núcleo de maior importância na sociedade."
11. Com relação ao amor filial, é imperioso lembrar que o mandamento “Honrai vosso pai e vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, conquanto o termo “honrai” encerre um dever a mais – o da piedade filial.
Honrar pai e mãe não consiste apenas em respeitá-los, mas também assisti-los na necessidade, proporcionar-lhes repouso na velhice, cercá-los de cuidados tal como fizeram eles com os filhos durante a infância.
12. Duas causas determinam basicamente a ingratidão dos filhos para com os pais: umas se devem às imperfeições dos filhos; outras resultam de falhas cometidas pelos próprios pais.
Com efeito, muitos pais, despreparados para o ministério familial, cometem erros graves que podem influir consideravelmente no comportamento da prole, que então, conforme o seu caráter, se rebela contra aqueles, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão.
13. Muitos genitores imaturos, que transitam no corpo açulados pelo tormento dos prazeres incessantes, respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole, na desenfreada competição da moderna sociedade.
14. Há, no entanto, filhos que receberam dos pais as mais prolíferas demonstrações de sacrifício e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de equilíbrio doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela abnegação sem fingimentos, e mesmo assim revelam-se frios, exigentes e ingratos.
15. Apesar disso, o lar – santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências – é a mola mestra que aciona a Humanidade, e a família, indiscutivelmente, o núcleo de maior importância no organismo.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questão 890.
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. XIV, item 3.
- O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, questão 189.
- Após a Tempestade, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pp. 32 e 33.
- Terapêutica de Emergência, por Espíritos diversos, psicografado por Divaldo P. Franco, p. 58.
- Luz Viva, de Joanna de Ângelis e Marco Prisco, psicografado por Divaldo P. Franco, p. 55.
- Luz no Lar, por Espíritos diversos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, cap. 3 e 5.
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