segunda-feira, 16 de junho de 2014

Terapia Divina


Terapia Divina 

Certo dia Fernando acordou reclamando, como de hábito:-
— Que droga, mãe! 

Quero dormir e preciso ir à escola. 

Gostaria de ficar na cama a manhã inteira!

— Meu filho, todo mundo precisa estudar para aprender e crescer na vida. 

Depois, conforme a profissão que escolher, ainda terá de fazer um curso superior. 

Vamos, levante-se, deixe de ser preguiçoso! 

A mãe considerou sorrindo.

Bravo, Fernando tomou banho para acordar direito. 

Comeu alguma coisa e foi para a escola resmungando. 

E sempre essa situação se repetia, sem que ele aprendesse a importância de estudar.

Certo dia, mais irritado que de costume, ele dirigia-se à escola quando, ao passar por uma construção, um pedaço de concreto despencou do alto, caindo sobre uma de suas pernas e jogando-o no chão, a gritar de dor.

Vitório, o mestre de obras, correu a socorrê-lo, levando-o imediatamente para o pronto-socorro, ainda desmaiado. 

Enquanto esperava para ser atendido, deu o telefone de casa a Vitório, para avisar sua mãe, Cláudia. 

Logo a senhora chegou, aflita, sendo apresentada para Vitório.

— Dona Cláudia, foi uma infelicidade. 

O pedreiro estava quebrando um concreto, quando um pedaço dele caiu sobre seu filho. 

Mas fique descansada. 

O médico examinou Fernando e o está atendendo agora.

Quanto às despesas, a empresa pagará tudo.

Nesse momento, o médico chegou e explicou à mãe a situação do garoto. 

Fernando já estava na sala de cirurgias, pois a perna dele fora bem atingida. 

Cláudia deu as informações necessárias e, preocupada, sentou-se para aguardar, elevando o pensamento para Jesus e suplicando ajuda para seu filho.

Algumas horas depois, ainda sonolento, o menino foi levado para o quarto. 

Em dois dias, retornou para casa numa cadeira de rodas.

A princípio ele gostou, pois não iria à escola. 

Depois, cansou-se de estar sempre preso àquela cadeira. 

Além disso, ficava sozinho em casa, pois seus amigos estavam na aula.

Um dia, conversando com a mãe, perguntou:-
— Mamãe, será que vou ficar muito tempo nesta cadeira de rodas?
— Ah! 

Meu filho, você precisa ter paciência. 

O acidente foi grave e levará meses para você se recuperar.

— Mas por que isso aconteceu justo comigo, mãe? 

Aquele concreto poderia ter caído em cima de qualquer um, mas aconteceu logo comigo!...

A mãe pensou um pouco, procurando as palavras certas, depois disse:-
— Fernando, quando alguma coisa acontece, sem que nada tenhamos feito para provocar a situação, é que isso representa um processo educativo de que Deus se utiliza para nosso aprendizado. 

No seu caso, desenvolver a paciência, a compreensão, a resignação frente aos problemas da existência, a valorizar a vida. 

Entendeu, meu filho?

— Mais ou menos. 

Na verdade, queria muito poder andar de novo, ir para a escola caminhando, poder estudar, rever os colegas...

Será que isso vai acontecer, mãe?

— Interessante! 

Veja como a terapia divina já está surtindo efeito.

Você detestava ter que ir à escola, agora está com saudade dela e dos amigos. 

Serão só alguns dias; depois você irá de cadeira de rodas, eu o levarei! 

— a mãezinha respondeu, tranquilizando-o.
 
Assim, Fernando voltou para a escola, agora com outra disposição.

Após alguns meses, ele deixou a cadeira de rodas e passou a
caminhar usando uma muleta. 

Reclamou no início, mas compreendeu que era necessário, pois não podia forçar a perna machucada, que ainda doía muito.
Desse modo, ele acostumou-se com a muleta, que passou a fazer parte do seu dia a dia.  

Nas consultas, o médico lhe explicava a necessidade de continuar o uso da muleta.

O tempo foi passando... 

Alguns anos depois, já rapaz, certo dia ele atravessava uma praça quando se sentiu cansado e sentou-se num banco para descansar. 

Colocou a muleta de lado e respirou fundo, olhando o movimento de pessoas.

Logo se sentou também um senhor. 

Simpático, o homem começou a conversar com ele, e perguntou-lhe a razão da muleta.

 Fernando explicou o acontecido com ele anos antes.

Interessado, o senhor passou a fazer-lhe perguntas, que ele
respondia. 

De repente, o desconhecido perguntou:-
— Posso ver sua perna?

— Claro! 

Sem problemas — respondeu Fernando.

O senhor abaixou-se e, ao mesmo tempo, examinava a perna, fazia perguntas que Fernando respondia. 

Depois, voltou a sentar-se no banco e informou ao rapaz intrigado:-
— Fernando, eu sou médico e trabalho na área de ortopedia. 

Antes, não havia outra solução para seu problema, porém agora tudo se resolve. 

Vou dar-lhe meu cartão e, se quiser conversar melhor, estou à sua disposição. 

Você é muito simpático, e notei que lida com seu problema de uma forma tranquila, sem reclamar, o que é difícil na sua idade.
 
Fernando sorriu e respondeu:-
 — Ah! 

Mas eu não era assim, doutor! 

Com o tempo, fui melhorando.

Antes, reclamava de tudo, não queria estudar, até que sofri o
acidente. 

Claro que fiquei irritado, nervoso, mas minha mãe explicou
que era uma terapia divina para que eu exercitasse a paciência, a resignação... enfim, confesso que mudei. 

Hoje encaro tudo bem melhor, sem reclamar de nada, aceitando a vida como uma bênção!

Afinal, tem tanta gente que não tem o que eu tenho:-
- Uma família boa, amigos, inteligência, facilidade para estudar... 

Não é?

O médico sentiu-se comovido diante daquelas palavras.

— Tem razão, Fernando. 

Agora tenho certeza de que posso ajudá-lo.

Vamos até sua casa.

O Dr. Milton trouxe o carro, no qual Fernando acomodou-se cheio de esperanças. 

Em casa, apresentado à mãe de Fernando, o médico conversou com ela e dispôs-se a tratar do rapaz, sem custo algum para a família.

Em pouco tempo, Fernando estava bom de novo. 

Aposentara a muleta, assim como a cadeira de rodas, que agora serviriam para outras pessoas. 

Mas sempre dizia, animado:-
— Bendito acidente! 

Se não fosse ele, eu ainda seria o mesmo. 

Graças a Deus, eu mudei para melhor!

MEIMEI
 Célia X. de Camargo
 Rolândia-PR.
Fonte: Revista "O Reformador"

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