segunda-feira, 9 de junho de 2014

Perdoar é Esquecer ?


Perdoar é Esquecer ?

Perdoar é esquecer ?

Não. 

Perdoar independe de esquecer. 

Uma coisa nada tem a ver com a outra, são coisas distintas – até porque não somos alienados. 

Temos no cérebro uma memória que registra todos os fatos, por isto quem perdoa não tem que, necessariamente, esquecer do agravo sofrido. 

O que é preciso, na verdade, é esquecer no sentido de diluir a mágoa, a raiva ou o ressentimento que o fato gerou, caso contrário o perdão é superficial ou até mesmo ilusório.
 
Esse tipo de esquecimento é extremamente benéfico para quem sofreu algum tipo de agressão, porque a energia gerada, a cada instante em que se revive o fato infeliz, aumenta a ferida que se formou e numa verdadeira roda viva acumula novo e desnecessário sofrimento. 

Tanto isto é uma verdade que a própria ciência da psicologia diz a todo instante, atestando que o esquecimento da mágoa por si só vale como uma excelente psicoterapia, pois que...
 
O apego à ofensa propicia ao ofendido a oportunidade de carregar sozinho a chaga em que ela se constitui.
 
A diferença está naquele que realmente perdoa e consegue liberta-se daquela parte pesada da lembrança a ponto de não mais sofrer ao relembrá-la. 

Daí, como diz Divaldo Pereira Franco:-
- “Perdoar é bom para quem perdoa.”, ou seja, quem perdoa livra-se do fardo triste que carregava e quem foi perdoado nem sempre alcança a mesma graça de vez que assumiu um ônus pelo qual responderá, ainda que perdoado.
 
Alguém diria:-
- “Mas então prevalece a Lei de Talião*?” 

E responderíamos:-
- Absolutamente que não! 

Prevaleceria e prevalecerá sempre a misericórdia divina, a Lei de Causa e Efeito, segundo, a qual Deus nos propicia o ensejo de resgatar nossos erros, ou dívidas, como querem alguns, valendo lembrar que esse pagamento não acontece necessariamente pela dor, especialmente quando o ofensor se arrepende do at que praticou, podendo assim anular seu débito pela força do amor e doação que dispensar a outrem.

Vemos isto no Evangelho de João, quando ele afirma que:-
- “O amor cobre uma multidão de pecados”.
 
Quanto a Lei de Talião, embora absurda e abominável a nossos olhos, era uma necessidade daquela época em que o homem era bárbaro, época em que o homem tinha muito pouca consciência do que era Amor e Respeito, e que só era contido pelo medo dos castigos, tão ou mais horríveis que o ato praticado.
 
Foi essa uma das grandes razões da vinda de Jesus ao nosso Planeta. 

Uma das partes mais lindas de sua missão foi justamente mudar a concepção de um Deus tão bárbaro quanto o homem, ensinando sobre um Deus justo... 

Mas infinitamente bom. 

Severo... mas infinitamente misericordioso. 

Um Deus que a tudo perdoa, mas que deixa ao sabor do livre arbítrio de cada um a responsabilidade de suas atitudes e o aprendizado que elas possam trazer.
 
Ainda enfocando as benesses de que é alvo aquele que perdoa, lembramo-nos que Emmanuel, Espírito de grande sabedoria, numa psicografia do nosso bom e inolvidável Chico Xavier, nos esclarece em “O Consolador”, questão 337:-
- “Concilia-te depressa com o teu adversário” – essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
 
- Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. 

Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no coração. ”
 
Vemos aí, embutida nas palavras de Emmanuel mais um alerta a considerar; aquele que busca sinceramente o perdão já está fazendo dignamente a sua parte, ainda que o ofendido se recuse. 

Quando aquele que concede o perdão não deve se ater ferrenhamente ao que vai ser feito do perdão que concedeu, pois já fez a sua parte, também aí, o que se seguir é problema do perdoado.
 
Sabemos que mesmo com todo estes conhecimentos muitas vezes perdoar é um aprendizado difícil, que, não raro, requer um esforço muito grande. 

Mas por isto mesmo é divino, é o caminho da porta estreita que vale a pena enfrentar, pois se o próprio Cristo nos disse que devemos perdoar “setenta vezes sete”é porque em sua divina sabedoria sabia que não só o ofensor, mas também o ofendido possui fragilidade de caráter e igualmente ser perdoado setenta vezes sete.

Para concluir lembramo-nos de que... esquecendo ou não, se o perdão é algo muito importante para o perdoado, é ainda muito mais para aquele que tem a felicidade de conseguir perdoar, porque...
 
Quem perdoa já cresceu no amor... 

Quem humilde e sinceramente pede perdão... 

Caminha para o mesmo crescimento.

Doracy Mércia De A. Mota
Bibliografia:-
O Consolador – Emannuel e Chico Xavier
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
* Olho por olho e dente por dente.


Livro:- "O Consolador" 

Emannuel 

 Chico Xavier

 

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