Perdoar é Esquecer ?
Perdoar é esquecer ?
Não.
Perdoar independe de esquecer.
Uma coisa nada tem a ver com a outra,
são coisas distintas – até porque não somos alienados.
Temos no cérebro
uma memória que registra todos os fatos, por isto quem perdoa não tem
que, necessariamente, esquecer do agravo sofrido.
O que é preciso, na
verdade, é esquecer no sentido de diluir a mágoa, a raiva ou o
ressentimento que o fato gerou, caso contrário o perdão é superficial ou
até mesmo ilusório.
Esse tipo de esquecimento é extremamente benéfico para quem sofreu algum tipo de agressão, porque a energia gerada, a cada instante em que se revive o fato infeliz, aumenta a ferida que se formou e numa verdadeira roda viva acumula novo e desnecessário sofrimento.
Tanto isto é uma
verdade que a própria ciência da psicologia diz a todo instante,
atestando que o esquecimento da mágoa por si só vale como uma excelente
psicoterapia, pois que...
O apego à ofensa propicia ao ofendido a oportunidade de carregar sozinho a chaga em que ela se constitui.
A diferença está naquele que realmente perdoa e consegue liberta-se daquela parte pesada da lembrança a ponto de não mais sofrer ao relembrá-la.
Daí, como diz Divaldo Pereira Franco:-
- “Perdoar é bom para
quem perdoa.”, ou seja, quem perdoa livra-se do fardo triste que
carregava e quem foi perdoado nem sempre alcança a mesma graça de vez
que assumiu um ônus pelo qual responderá, ainda que perdoado.
Alguém diria:-
- “Mas então prevalece a Lei de Talião*?”
E responderíamos:-
- Absolutamente que não!
Prevaleceria e prevalecerá sempre a misericórdia
divina, a Lei de Causa e Efeito, segundo, a qual Deus nos propicia o
ensejo de resgatar nossos erros, ou dívidas, como querem alguns, valendo
lembrar que esse pagamento não acontece necessariamente pela dor,
especialmente quando o ofensor se arrepende do at que praticou, podendo
assim anular seu débito pela força do amor e doação que dispensar a
outrem.
Vemos isto no Evangelho de João, quando ele afirma que:-
- “O amor
cobre uma multidão de pecados”.
Quanto a Lei de Talião, embora absurda e abominável a nossos olhos, era uma necessidade daquela época em que o homem era bárbaro, época em que o homem tinha muito pouca consciência do que era Amor e Respeito, e que só era contido pelo medo dos castigos, tão ou mais horríveis que o ato praticado.
Foi essa uma das grandes razões da vinda de Jesus ao nosso Planeta.
Uma das
partes mais lindas de sua missão foi justamente mudar a concepção de um
Deus tão bárbaro quanto o homem, ensinando sobre um Deus justo...
Mas
infinitamente bom.
Severo... mas infinitamente misericordioso.
Um Deus
que a tudo perdoa, mas que deixa ao sabor do livre arbítrio de cada um a
responsabilidade de suas atitudes e o aprendizado que elas possam
trazer.
Ainda enfocando as benesses de que é alvo aquele que perdoa, lembramo-nos que Emmanuel, Espírito de grande sabedoria, numa psicografia do nosso bom e inolvidável Chico Xavier, nos esclarece em “O Consolador”, questão 337:-
- “Concilia-te depressa com o teu adversário” – essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
- Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida.
Perseverando a
atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade
sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma
chaga viva para quantos o conservam no coração. ”
Vemos aí, embutida nas palavras de Emmanuel mais um alerta a considerar; aquele que busca sinceramente o perdão já está fazendo dignamente a sua parte, ainda que o ofendido se recuse.
Quando aquele que concede o
perdão não deve se ater ferrenhamente ao que vai ser feito do perdão que
concedeu, pois já fez a sua parte, também aí, o que se seguir é
problema do perdoado.
Sabemos que mesmo com todo estes conhecimentos muitas vezes perdoar é um aprendizado difícil, que, não raro, requer um esforço muito grande.
Mas
por isto mesmo é divino, é o caminho da porta estreita que vale a pena
enfrentar, pois se o próprio Cristo nos disse que devemos perdoar
“setenta vezes sete”é porque em sua divina sabedoria sabia que não só o
ofensor, mas também o ofendido possui fragilidade de caráter e
igualmente ser perdoado setenta vezes sete.
Para
concluir lembramo-nos de que... esquecendo ou não, se o perdão é algo
muito importante para o perdoado, é ainda muito mais para aquele que tem
a felicidade de conseguir perdoar, porque...
Quem perdoa já cresceu no amor...
Quem humilde e sinceramente pede perdão...
Caminha para o mesmo crescimento.
Doracy Mércia De A. Mota
Bibliografia:-
O Consolador – Emannuel e Chico Xavier
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
* Olho por olho e dente por dente.
O Consolador – Emannuel e Chico Xavier
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
* Olho por olho e dente por dente.
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