segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Desconfiemos de Nós


Desconfiemos de Nós


Existe quem atribua o fenômeno à atuação sistemática de entidades interessadas em perturbação ou descrédito. 

Possivelmente isso acontecerá algumas vezes. 

O tema, porém, é nosso, na ordem pessoal da vivência cotidiana. 

Referimo-nos ao poder sugestivo da impressão.

Habitualmente ouvimos conceitos acerca da higiene mental, como se nada tivéssemos a ver com semelhante matéria ao currículo da vida, quando isso expressa ponto fundamental para nós todos, mormente no capítulo preventivo.

Purificar as ideias. 

Elevar emoções. 

Efetuar a triagem dos pensamentos, como se procede à faxina diária dentro da casa. 

Imaginar o melhor e buscar o melhor.

Não há institutos de pesquisas no mundo, capazes de avaliar a quantidade de infortúnios e delitos desencadeados, entre os homens, anualmente, resultantes das impressões falsas, proclamadas por verdadeiras.

Não raro, vemos um caso ou outro desses enganos terríveis, positivados em tribunais, em se tratando de culpas cujas penas são cominadas pela justiça humana.

E os milhares de outros casos para os quais não existem corrigendas previstas em leis?

Nesses incidentes lamentáveis não há caluniadores em função.

Os problemas decorrem da excitação mental condimentada em malícia, nem sempre nascida propriamente da intenção de injuriar ou ferir. 

Desprevenida de base para garantir o equilíbrio no governo de si própria, a pessoa vê uma coisa e imagina outra.

Um homem descansa o braço num cofre alheio, enquanto conversa distraído e vê-se julgado por larápio.

Certa mulher pede um favor ao vizinho, a fim de reparar um engenho elétrico imprescindível à serventia da casa e é suposta protagonizando um romance fora do lar.

E começa o conto pejorativo aumentando em vários pontos da boca ao ouvido. 

Até que se espraia. 

Toma corpo. 

Adere à existência das vítimas que precisarão de muito heroísmo para se colocarem a cavaleiro do mal que a invencionice lhes reserva.

Sabemos hoje, em ciência, que a nossa própria concepção  da Terra se baseia no jogo das impressões.

Move-se o planeta a milhares de quilômetros por dia. 

Tem o homem a ideia de agir em ponto fixo. 

A cor do firmamento é aquela que os olhos humanos captam.

A maior percentagem do mal que existe no mundo, vive e se derrama de nós mesmos. 

Absolutamente configurado nos domínios da impressão para encaminhar-se, em seguida, às áreas da ação.

No trânsito do cotidiano, coloquemos o “certo” no coração e no raciocínio para que os nossos olhos e ouvidos não se tornem assalariados para as atividades infelizes do “errado”. 

Acautelemo-nos contra as impressões negativas. 

Acreditemos no poder do otimismo. 

E quando o jugo do mal nos apareça claro à frente, prossigamos confiando no bem. 

Se temos algo a desconfiar, desconfiemos de nós.

De “Técnica de Viver”, de Waldo Vieira, pelo Espírito de Kelvin Van Dine).


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