"Fome de Dignidade!"
De que me adianta meus olhos se fecharem à realidade sair pelos campos a ver somente flores.
Sentir-me bem comigo mesmo, ter minha cama limpa, macia a espera de meu corpo, estar bem alimentado, às vezes até em demasia...
De que me adianta fazer de conta que minhas crianças estão a sorrir, a brincar, viver livremente entre campos e plumas de beleza e encanto.
De que me adianta, enfim...
Sentar-me, aceitar a tudo que meus olhos teimam fazer de conta não existir, mas existe...
Quanto poderia ser feito pelos templos que ostentam riquezas?
Seria esta o tipo de demonstração de fé esperada por nosso Pai?
Quanto compramos a mais, quanto desperdiço?
Quantas vezes paramos e damos as costas aos problemas de outras nações, como se nunca fossem nos tocar?
Crianças jogadas do alto do edifício pelo próprio pai...
Outras, morrendo ao léu, por fome...
A ave de rapina apenas a esperar o derradeiro instante...
Seria o derradeiro instante do amor...?
Seria o derradeiro instante de cada um de nós?
Ou, seria um chamado para a maior de todas as guerras?
Lutar contra a fome, a fome de alimentos, a fome de justiça, a fome de dignidade, a fome de vergonha, a fome de lares destruídos, a fome da decência.
Dar as costas, achar que nada poderá ser feito, seria cômodo...
Entrelacemos as mãos!
Cuidemos de nossos lares sem esquecer que tudo que jogamos fora, por excesso; poderá servir ao lar de nosso vizinho.
"Não importa se este vizinho é negro, branco, amarelo, homem, mulher, homossexual, nada importa..."
"Importa somente... "
"Que o olhemos como nosso irmão, apenas isto!"
Respeitando a individualidade de cada um e, sem humilhação,ajudando, estendendo a mão, abrindo o coração, ofertando o pão...
A humanidade, passa, talvez, pela fome moral...
Devido a ganância dos grandes senhores, governantes escolhidos pelos votos, outros; impostos por minoria.
Esta fome violenta que arranca do homem a dignidade do trabalho e com este labor o sustento de sua própria família...
Ah!
Esta dor que domina a minha alma a deparar-me com tal cena!...
Esta dor que domina a minha alma a deparar-me com tal cena!...
A lágrima que roça minha face?
Profunda.
Chegando as profundezas de minhas entranhas!
Quando acho que já teria feito muito, vejo que ainda existe muito a ser feito.
Quando penso em descansar, vejo que tenho que levantar-me, lutar pelos pequenos vigiados pelos urubus, fazer minha parte...
Lançar meu exemplo a meu próximo e esperar que cada qual faça o mesmo.
E, assim alcançarmos a vitória sobre a fome que coroe a dignidade da vida!
Se me satisfaço com um pão...
Mas tenho moedas para seis...
Reservo agora, os outros cinco a meus irmãos...
Afinal, para aonde um dia vou, me apresentar a meu Pai, nada levo...
"Sem ser minha história..."
Paulo Nunes Junior
SP/BRASIL
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