quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fome de Dignidade!



"Fome de Dignidade!"

De que me adianta meus olhos se fecharem à realidade sair pelos campos a ver somente flores.

Sentir-me bem comigo mesmo, ter minha cama limpa, macia a espera de meu corpo, estar bem alimentado, às vezes até em demasia...

De que me adianta fazer de conta que minhas crianças estão a sorrir, a brincar, viver livremente entre campos e plumas de beleza e encanto.

De que me adianta, enfim...

Sentar-me, aceitar a tudo que meus olhos teimam fazer de conta não existir, mas existe...

Quanto poderia ser feito pelos templos que ostentam riquezas? 

Seria esta o tipo de demonstração de fé esperada por nosso Pai?

Quanto compramos a mais, quanto desperdiço?

Quantas vezes paramos e damos as costas aos problemas de outras nações, como se nunca fossem nos tocar?

Crianças jogadas do alto do edifício pelo próprio pai... 

Outras, morrendo ao léu, por fome...

A ave de rapina apenas a esperar o derradeiro instante...

Seria o derradeiro instante do amor...?

Seria o derradeiro instante de cada um de nós? 

Ou, seria um chamado para a maior de todas as guerras? 

Lutar contra a fome, a fome de alimentos, a fome de justiça, a fome de dignidade, a fome de vergonha, a fome de lares destruídos, a fome da decência.

Dar as costas, achar que nada poderá ser feito, seria cômodo...

Entrelacemos as mãos! 

Cuidemos de nossos lares sem esquecer que tudo que jogamos fora, por excesso; poderá servir ao lar de nosso vizinho.

"Não importa se este vizinho é negro, branco, amarelo, homem, mulher, homossexual, nada importa..."

"Importa somente... "

"Que o olhemos como nosso irmão, apenas isto!"

Respeitando a individualidade de cada um e, sem humilhação,ajudando, estendendo a mão, abrindo o coração, ofertando o pão...

A humanidade, passa, talvez, pela fome moral...

Devido a ganância dos grandes senhores, governantes escolhidos pelos votos, outros; impostos por minoria. 

Esta fome violenta que arranca do homem a dignidade do trabalho e com este labor o sustento de sua própria família...

Ah! 

Esta dor que domina a minha alma a deparar-me com tal cena!...

A lágrima que roça minha face? 

Profunda. 

Chegando as profundezas de minhas entranhas! 

Quando acho que já teria feito muito, vejo que ainda existe muito a ser feito.

Quando penso em descansar, vejo que tenho que levantar-me, lutar pelos pequenos vigiados pelos urubus, fazer minha parte...

Lançar meu exemplo a meu próximo e esperar que cada qual faça o mesmo.

E, assim alcançarmos a vitória sobre a fome que coroe a dignidade da vida!

Se me satisfaço com um pão...

Mas tenho moedas para seis... 
 
Reservo agora, os outros cinco a meus irmãos...

Afinal, para aonde um dia vou, me apresentar a meu Pai, nada levo...

"Sem ser minha história..."

Paulo Nunes Junior

SP/BRASIL

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