Nostalgia e Depressão
As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.
Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da
nostalgia e da depressão, perdendo a liberdade de movimentos, de ação e
de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia.
A nostalgia
reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de
momentos felizes, que não mais se experimentam.
Pode proceder de
existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos
profundos do ser, lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de
ocorrências da atual.
Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de
júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos.
Não
obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa
equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente
naturais.
Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e
pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que
reincide no comportamento emocional.
A depressão é sempre uma forma
patológica do estado nostálgico.
Esse depreciamento emocional, fez-se
também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e
psicológicos.
A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em
si mesmo, nas demais pessoas e em Deus...
Os postulados religiosos não
conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as
reações aflitivas do organismo físico.
Não se acreditar capaz de reagir
ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional.
Tenha-se em mente um instrumento qualquer.
Quando harmonizado, com as
peças ajustadas, produz, sendo utilizado com precisão na função que lhe
diz respeito.
Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a
qualidade operacional.
Se a deficiência é grave, apresentando-se em
alguma peça relevante, para nada mais serve.
Do mesmo modo, a
depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa.
Um equipamento
desorganizado não pode produzir como seria de desejar.
Assim, o corpo em
desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses
produzem sensações e anomalias perturbadoras na conduta psicológica.
No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e
pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que
estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da
vida.
À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se
encontre em um lugar onde não está a sua realidade.
Poderá deter-se em
qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a
mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação
da saúde.
Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode
conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço,
acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável,
por muito tempo.
Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem,
experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse
oscilar da normalidade é característica dela mesma.
Todavia, quando tais
ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras
desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo
lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.
A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana:-
- Corpo e Mente.
O som provém do instrumento.
O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de exteriorização.
Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se -
tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para
estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à
medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se
refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora.
Toda
castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento
emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade,
dentre as quais se destaca a depressão.
É imprescindível, portanto,
que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse
modo superando o estado depressivo.
Noutras vezes, a perda dos
sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças
próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se
em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por
negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.
Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o
paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não
estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça
retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em
que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis,
permanecerá ilhado no transtorno depressivo.
Nem sempre a depressão
se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado
ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante
as correntes que prostram no leito e ali retêm.
Para que se logre
prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de
determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma
máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no
corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos
harmônicos...
Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns
estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo
chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou
feminina, determinando-se por não continuar a existência.
A situação se
torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos,
um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que
anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se
encontre muito bem.
Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado
depressivo com indução ao suicídio.
Esse sentimento de fracasso, de
impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou
rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação
pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando
completamente o amadurecimento e a expressão da libido.
Nesse
capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem
desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou
se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente
para a etapa trágica da autodestruição.
Seja, porém, qual for a
gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo
considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença,
trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os
objetivos da existência.
Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será
encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a
terapia de neurolépticos.
O encontro com a consciência, através de
avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu processo
evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia
depressiva, da auto compaixão, facultando campo para a renovação mental e
a ação construtora.
Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de
movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos
físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que
intoxicam os centros de força.
Naturalmente, quando o processo se
instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética
(Reich, como também a espírita, a desmentalização), ou conforme se
apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem
como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis.
A eleição do
recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da
necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a
fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais
complexidades e dificuldades de recuperação.
Seja, no entanto,
qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável
em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo
no ambiente de trabalho constitui valiosos recursos para a reconquista
da saúde mental e emocional.
O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.
Empório Esotérico
Trecho extraído do Livro:- " AMOR IMBATÍVEL AMOR"
Joanna de Ângelis
Divaldo Pereira Franco