VOCÊ TEM MEDO DO NOVO?
O medo do não controlável, do que surpreende, que chega sem ser convidado ou aparece de onde não se espera, o medo do novo e do desconhecido é uma das grandes dificuldades humanas.
A possibilidade do novo costuma acionar alarmes, provoca angústia, tira o prumo.
O contato do desconhecido desperta muitas vezes a sensação de estar pressionado sem saber direito de onde vem essa pressão.
Mas pensando com calma, a gente sabe bem de onde vem: vem de dentro pra fora, vem dos nossos arquivos internos que acabam por acionar o padrão do medo a qualquer pequeno sinal de algo que possa retirar o pleno controle de nossas mãos.
Os arquivos internos que acionam o medo contêm muitas cenas, histórias, aprendizados, apreensões, que relegamos aos cantos escondidos da alma.
Quando encontram espaço em nossa distração, esses conteúdos sobem à tona.
E como estamos distraídos, acabam por tomar conta de nós e de nossas ações.
Por mais irracionais que sejam, nossos medos assumem o controle.
Já que nos sentimos tão perdidos naquele instante entregamos o leme ao primeiro que chega.
Reflita e você verá com mais clareza quais são os arquivos que despertam esse medo em você.
Se for difícil refletir sozinho, já que o medo pode começar a lhe turvar a visão, procure ajuda adequada.
A força desses arquivos internos está no fato de serem inacessíveis.
Quando são vistos e compreendidos, não precisamos mais cair na armadilha. E mais que isso: podemos curar as antigas feridas.
Onde essa estrada vai dar?
O novo, apesar de todo medo que pode despertar, carrega sementes em sua mala de viajante.
O desconhecido chega com seu olhar enigmático, mas o que ele trará para nossa vida depende muito da recepção que lhe oferecemos.
Ele vem daquela curva da estrada que não sabemos onde vai dar, ao vermos sua silhueta o coração dispara e nesse exato instante podemos ainda escolher que tom terão as nossas batidas: expectativa, raiva, pavor, alegria, curiosidade...Sim, podemos escolher como reagir às novidades que chegam, mesmo que muitas vezes não possamos escolher a hora de sua chegada.
As sementes que esse viajante incógnito traz é que tecem a teia da vida, que trazem o colorido inesperado e o ingrediente essencial para os próximos passos a serem dados.
Sem o elemento da novidade não haveria caminhada, nem arte, nem projeto, nem construção, sem o elemento do desconhecido não haveria construção de conhecimento, nem progresso, nem crescimento.
A grande certeza da vida, sabe qual é?
É que sempre há mudança.
Você agora já não é mais o mesmo após os minutos que se passaram durante essa leitura.
A água que corre no rio é do mesmo rio, mas já não é mais a mesma água.
Somos seres constituídos pela mudança e precisamos aceitar a correnteza da vida, nadando ao seu favor, pois é o novo que nos faz seguir adiante.
Liberte-se das amarras que fazem com que você anseie ficar na falsa proteção do passado, pois não há segurança em não seguir o ritmo natural da vida.
É preciso entregar-se ao presente, sem medo e sem necessidade de pleno controle.
Só assim, embora pareça contraditório, você pode tomar de fato a vida nas mãos.
Mas se você se preocupa em dominar o desconhecido, em destrinchar todas as possibilidades para então se entregar ao movimento da vida, se o medo em você tem se transformado em extrema racionalidade, compartilho aqui um convite que um dia recebi nas palavras de Clarice Lispector:-
"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".
Sobre a autora:- Juliana Garcia
Psicóloga, psicodramatista e aromaterapeuta.
Trabalha em projetos sociais como facilitadora de grupos de mulheres e grupos de reflexão sobre o Feminino em Belo Horizonte e interior de MG.
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