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sexta-feira, 13 de março de 2015

Entre Dois Mundos


Entre dois Mundos

 Estendera o Eterno, de um a outro extremo, a sua potência creadora - desde os puros espíritos até à matéria bruta.

Desde a mais alta vida intelectual - até à mais profunda negação do intelecto.
Entretanto, não atingira ainda o Eterno o extremo limite de sua divina audácia...
Restava-lhe ainda o mais temerário e paradoxal de todos os atos - a união do espírito e da matéria.
Seria possível fundir em um único ser a luz dos puros espíritos - e a noite da matéria inerte?...
Reduzir a uma síntese essas duas antíteses?...
"E disse o Senhor:-
- Façamos o homem - e fez Deus, da substância da terra, um corpo e inspirou-lhe na face o espírito vivente"...
E ergueu-se, no meio da natureza virgem, esse paradoxo ambulante, esse enigma anônimo, essa indefinível esfinge, semi-animal e semi-anjo - o homem...
Quando os espíritos celestes viram o homem, exultaram sobre a sua grandeza e choraram sobre a sua miséria......
Cristalizaram-se, na alma humana, essas centelhas de júbilo e essas lágrimas de dor - e formaram um mar imenso de doce amargura e inextinguível nostalgia...
Principiou, então, neste mundo visível, a luta entre a luz e as trevas - entre o bem e o mal...
A história da humanidade......
Têm os puros espíritos sua pátria - lá em cima......
Tem a matéria bruta sua sede - cá embaixo...
Mas onde está a pátria do espírito-matéria?...
Na terra? - protesta o espírito!
No céu? - protesta a matéria!
Entre o céu e a terra? - mas lá se erguem os braços duma cruz!
É por isto mesmo que o mais humano e mais divino dos homens expirou entre o céu e a terra - na sua pátria cruciforme...
"Não havia lugar para ele" - em outra parte...
E é por isso mesmo que os melhores dentre os homens são sempre crucificados...
Não os compreende a terra - nem os acolheu ainda o céu...
E assim, entre o céu e a terra, vive o homem esta vida dilacerada de angústias e paradoxos.
Sem pátria certa,
Em perene exílio,
Oscilando entre a matéria e o espírito.
Lutando,
Sofrendo,
Amando.
Até que a matéria volte à matéria,
E o espírito ao Espírito.
Sintetizando dois mundos
Em Deus.
Texto extraído do Livro:- "De Alma Para Alma"
 Huberto Rohden
 Editora Martin Claret
Fonte:- IPPB

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Como um pombo correio



Como um pombo correio


Levaram minh’alma para longe da Pátria querida — e soltaram-na em terra estranha...
E ela, qual pombo-correio, norteando-se, ergueu voo, rumo à querência...

De sol a sol até ao cair na noite pressaga, voa a avezinha por espaços ignotos, cheia de saudades...

De quando em quando, exausta, abate o voo e pousa no alto dum rochedo, numa cerca, ou cai no meio dum canteiro em flor...

E dizem então os homens, esses ingênuos, que minh’alma se esqueceu da pátria e se enamorou de terra estranha...

Dizem que pobre avezinha deixou de ser o que era — para ser o que não era.

Não sabem eles, esses ingênuos, que não é por amor aos rochedos, às cercas ou às flores da terra que minh’alma desceu das alturas...

Retorne ao meu coração a energia normal do meu ser — e vereis, ó ingênuos, que não me sofrem aqui as saudades de minh’alma...

Expandirei nos mares azuis do espaço a potência das asas levíssimas — e adeus, rochedos, cercas e flores da terra!...

Quanto mais forte e normal é o meu ser — tanto mais cruciante me dilacera a saudade de Deus...

Quando me cerca universal abundância — mais do que nunca sinto a minha indigência...

Quando me enche a mais farta plenitude material — então me atormenta a mais faminta vacuidade espiritual...

Quando nada me falta das coisas tangíveis — mais do que nunca sofro a sede do intangível...

Quando a consciência do Eu atinge o zênite do seu poder — então a inteligência ilumina o nadir da minha inquietude metafísica...

Quanto mais forte e mais “ela mesma” é minh’alma — tanto menos prazer encontra em repousar em rochedos, cercas e canteiros...

Só em transes de fadiga e desânimo, quando ao pleni-Eu sucede um semi-Eu ou um pseudo-Eu — deixa meu espírito de voar em demanda da pátria longínqua...

Ergue-te, pois, aos espaços, pombo-correio de minh’alma!

Divina é a mensagem que tens de levar à humanidade!

A mensagem da verdade e da vida...

A mensagem da justiça e da paz...

A mensagem do amor e da graça...

O Aleluia da Páscoa e o hosana da infinita beatitude...


 “De Alma para Alma”
 Huberto Rohden